O empreendedorismo social, segmento que vem crescendo no Brasil, foi o
tema do primeiro episódio da temporada do Mundo S/A. Mais de US$ 500
bilhões serão investidos em negócios sociais até a próxima década e esse
é um tema de interesse dos jovens. Uma pesquisa da Deloitte mostra que 73% dos millennials, os
hiperconectados da geração Z, se preocupam em ter uma carreira que
esteja atrelada a um propósito, que cause um impacto social. Trabalhar
simplesmente em troca de um salário no fim do mês não inspira essa nova
geração.
Saúde, educação, serviços financeiros e moradias são as principais
áreas de atuação do empreendedorismo social. Sempre com foco na
população de baixa renda. Por trás desse conceito, está a ideia que
gerando lucros é possível atrair mais investidores, pagar melhor os
funcionários e impactar com muito mais força áreas de grandes
necessidades. O Brasil tem atualmente cerca de 20 fundos, que entre 2014 e 2015,
levantaram mais de US$ 100 milhões em investimentos direcionados a
empresas de impacto social. Esse número representa quase metade de tudo
que foi investido na mesma área nos últimos 10 anos.
“O conceito de um negócio de impacto é quando ele está buscando o ‘e’
ao invés do ‘ou’. Então, eu vou causar impacto e ganhar dinheiro fazendo
isso. Esse é o conceito mais novo que tem e que o campo todo de
finanças sociais no Brasil está trabalhando para fornecer”, afirma
Antonio Ermírio de M. Neto, representante da Força Tarefa Brasileira de
Finanças Sociais.
Entre os exemplos mostrados pelo Mundo S/A, está a 'clínica popular'
Dr. Consulta, um centro de saúde onde você paga, em média, R$ 90 pela
consulta e R$ 10 o exame. A empresa criada por um paulistano
inconformado com a saúde pública no Brasil vem atraindo investimentos
internacionais em São Paulo. O objetivo é atender as pessoas que não
podem arcar com custos de um plano de saúde. Hoje, já são 10 clínicas
espalhadas pela cidade.
“Eu sempre me informei com o 'Brasil é o país do futuro', e nunca chega
lá. Por que que tudo no Brasil funciona mais ou menos? Será que eu
poderia contribuir para que a gente tivesse um entorno um pouco melhor?
Fui estudar isso e percebi que o setor privado pode ter um papel
importante no desenvolvimento social”, conta o fundador do Dr. Consulta,
Thomaz Srougi.
E os exemplos não param por aí. Um gestor, um arquiteto e um
historiador, que se conheceram trabalhando em projetos de construção de
moradias populares do governo e decidiram, juntos, continuar a atuar
nessa área, mas de forma privada. O trio acaba de levantar R$ 400 mil
para investir em um negócio que já reformou 200 casas.
A Vivenda, empresa que eles abriram em 2014, faz reformas em casas de
comunidades em São Paulo a preços e formas de pagamentos acessíveis para
a população de baixa renda. "Para aquelas pessoas que não mudam para uma casinha nova, a realidade
habitacional delas, da porta para dentro de casa, é exatamente a mesma
de antes da urbanização. As dificuldades que essa população tem para
reformar são basicamente quatro: acesso ao crédito, acesso à assistência
técnica, mão-de-obra qualificada e materiais de qualidade”, afirma
Fernando Amiuy, sócio-fundador da Vivenda.
http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2016/03/empreendedorismo-social-cresce-entre-jovens-no-brasil.html