
Rosa Brito é a segunda mulher a entrar no clube dos imortais amazonenses,
depois da poeta Violeta Branca- foto: Ione Moreno
Após 98 anos de fundação, a Academia Amazonense de Letras (AAL)
elegeu a primeira mulher como presidente da instituição e a honraria
coube a professora universitária Rosa Mendonça de Brito, com mais de 40
anos de atuação em sala de aula. A posse ocorreu na última sexta-feira
(15), na sede da AAL, na rua Ramos Ferreira, Centro de Manaus.
Agraciada para ocupar uma cadeira ainda em 1993, Rosa Brito foi
apenas a segunda mulher a entrar no seleto clube dos imortais
amazonenses, depois da poetisa Violeta Branca. Nascida na calha do rio
Juruá, Rosa descende de família humilde e desde cedo garante que ajudava
os pais na labuta pela sobrevivência.
“A minha origem é muito simples. Sou amazonense das barrancas dos
rios Juruá, dos centros das matas do Juruá. Então uma pessoa que veio
dos seringais, como o meu pai que era seringueiro, e eu também trabalhei
na roça, uma pessoa que vem dessa dimensão é muito difícil sonhar com a
academia. Mas com todos os esforços, toda luta pelos estudos, a
conquista da cidade grande foi um passo para essa conquista”, relembra a
imortal.
A professora Rosa Brito se destacou, principalmente, pela atuação
como pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), tendo
extensa produção nas áreas de Filosofia e Pedagogia, onde até hoje
ministra essas disciplinas. “A caminhada pela vida fez com que eu me
aproximasse da academia, há 20 anos, quando disputei uma cadeira. Sou
apenas a segunda mulher a ocupar uma cadeira, atrás da poetisa Viola
Branca”, afirma.
Ganho
Contando com apenas 5 mulheres e mais de 35 homens, a professora diz
não se intimidar com o desequilibro entre os gêneros na instituição. “Antigamente as mulheres se recolhiam. Não é que os homens não
quisessem o sexo feminino na academia, mas as mulheres se recolhiam e os
homens nunca propuseram essa vinda delas a instituição. Então, a minha
vinda é um ganho para a sociedade porque assim como temos homens
competentes, temos mulheres competentes e me sinto extremamente
honrada”.
Segundo a professora, ela nunca sonhou em ocupar uma cadeira junto a
Academia Amazonense de Letras, tão pouco assumir o cargo de presidente
de uma instituição quase centenária. “Eu nunca quis porque tenho uma
vida acadêmica, como professora da Ufam, muito corrida e mesmo existe
pessoas com muito mais tempo que eu na AAL, então nunca quis”, salienta.
O ex-presidente da AAL, Armando Menezes, falou com entusiasmo sobre a
professora à frente da instituição. “A professora Rosa Brito é uma
catedrática e uma pessoa altamente qualificada. Temos por ela grande
admiração pela sua formação intelectual e moral”, afirmou o imortal, que
está na academia desde 1996 e é um dos mais antigos da instituição.
Sobre os desafios à frente da Academia Amazonense de Letras, Rosa
Brito diz que existem muitos projetos para dar visibilidade às ações da
instituição. “Temos alguns projetos, como o Academia de Portas Abertas,
temos saraus com estudantes das universidades. Então, abrimos as portas
para a população, além da organização de ciclos de palestras com
estudantes que cumprem carga horária dentro da academia”, finalizou.
Imortais
Atualmente, a Academia Amazonense de Letras conta com 40 imortais,
sendo 35 homens e 5 mulheres. Entre os acadêmicos pode-se encontrar
poetas, romancistas, jornalistas, cronistas, ensaístas, médicos,
teólogos, economistas, educadores, além de sociólogos, filósofos e
antropólogos.
Por Stênio Urbano
http://www.emtempo.com.br/pela-primeira-vez-uma-mulher-vai-presidir-a-academia-amazonense-de-letras/
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