
A pressão que os movimentos sociais exercem sobre as instituições e a
enorme capacidade que a internet tem de mobilizar a sociedade foram
alguns dos temas tratados no programa 'Brasilianas.org', que foi ao ar
na segunda-feira, 18, na TV Brasil. As discussões foram mediadas pelo
apresentador e jornalista Luis Nassif.
Para fazer um balanço dos movimentos sociais em 2015, foram
convidados para o programa a filósofa, feminista e pesquisadora da
Universidade Federal de São Paulo, Djamila Ribeiro; o filósofo e
professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de
São Paulo, Alessandro da Silva; e o militante do Movimento Juntos,
doutorando em sociologia, Thiago Aguiar.
Djamila Ribeiro falou sobre como o feminismo negro se apropria da
internet para instrumentalizar a militância. “A mídia hegemônica nos
invisibiliza [as mulheres negras]. E na internet a gente encontrou um
espaço pra existir”, afirma. Ela ainda garantiu que o próprio racismo
cria uma hierarquia de gênero, na qual a mulher negra é posta em uma
posição inferiorizada.
“O movimento feminista, de certa forma, acaba privilegiando a mulher
branca. E o movimento negro tem um olhar extremamente masculino. Então a
mulher negra fica no limbo. As feministas negras surgem para fazer essa
crítica também a esses movimentos e perceber que nós, mulheres e
negras, não podemos escolher contra qual opressão lutar”, comentou a
filósofa.
Entre as dificuldades que os movimentos sociais têm de se articular
de maneira eficiente, o professor Alessandro Soares da Silva citou a
organização das pautas. “As pessoas sempre partem daquilo que diz
respeito a elas. Há uma dificuldade em se construir uma noção de nós, de
coletivo. É uma relação de poder. Para que haja igualdade, alguém tem
que abrir mão de alguma parcela de poder e, além disso, tem que
reconhecer o outro”.
Thiago Aguiar, por sua vez, defendeu que os movimentos sociais têm
importante papel em um momento de crise, no qual a população parece
estar, cada vez mais, dissociada da representação política. “A corrupção
mostra que o Estado é organizado para atender determinados interesses.
Acho que o que a gente precisa é recuperar a necessidade de defender o
aprofundamento da democracia e ter uma saída de conjunto. O povo é que
tem que decidir o que acontece no nosso país”.
O militante lembrou a força das mobilizações sociais, e cita a
ocupação das escolas em São Paulo. Ele afirmou que, em um primeiro
momento, o governo paulista tentou desqualificar o movimento. No
entanto, ao perceber que se tratava de uma demanda justa, muitas pessoas
começaram a se mobilizar. “Era evidente o descaso com a qualidade da
educação. Então a mobilização venceu”.
*Edição: Beto Coura - com adaptações do Portal Comunique-se.
http://portal.comunique-se.com.br/tec-redes/79909-movimentos-sociais-encontram-na-internet-o-caminho-para-mobilizar-militantes
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