Participar ativamente na transformação e melhora de vida das pessoas é
o fundamento básico do empreendedorismo social. Buscar soluções
inovadoras e utilizar a criatividade para resolver problemas de uma
região ou até (por que não?) do mundo inteiro. Muito ouvimos falar,
nestes últimos anos, em como se sustenta uma organização neste formato
enquanto surgem verdadeiros exemplos de sucesso em outros países.
Recentemente, estive no Social Capital Markets Conference (SOCAP) que
ocorreu na Califórnia, Estados Unidos, onde foi falado por diversas
vezes sobre investimentos no setor do social business, e pude observar
como a maturidade americana coloca o mercado internacional anos luz a
frente do brasileiro. Os fundos de investimentos são levados a sério nos
EUA. Representantes das grandes empresas presentes ao evento
articulavam sobre milhões e bilhões de dólares, enquanto no Brasil esses
valores são de no máximo 100 ou 200 mil reais.
A diferença está em dois principais pontos. O primeiro é que os
empreendedores sociais brasileiros ainda têm, assim como um dia eu
também já tive, um grande receio de que seu empreendimento social
cresça, vá além do esperado e se torne, no futuro, um negócio lucrativo.
Este medo não pode existir porque, apesar de ter sucesso financeiro, a
organização ainda assim terá como fundamento e essência a sua
consciência social de ajudar a melhorar a vida das pessoas de uma
comunidade, cidade, estado, país, o mundo inteiro ou o que quer que
seja. Não é pelo motivo de ter dinheiro suficiente para manter as
atividades, e ainda ter lucro, que a iniciativa perde o seu sentido
principal.
O segundo ponto está na maneira como no Brasil o empreendedor capta
recursos para as causas sociais. Ao invés de procurar as empresas para
negociar um investimento, a busca é quase que um pedido de caridade. E
não é isso o que deveria acontecer. O social business não se trata de
caridade e nem de filantropia. Nós queremos sim promover essa ajuda, mas
o objetivo é que a vida dos envolvidos mude e não que seja um auxílio
momentâneo. Por isso, precisamos de investimento e não de doação. O
propósito está na contribuição para a sociedade além de qualquer outro
ponto, mas a captação de dinheiro faz parte do processo. Quem investe
não faz caridade, mas sim colabora para o crescimento do projeto com o
recurso oferecido para o benefício da população.
A maturidade e o aporte financeiro dos Estados Unidos são realmente
superiores ao que encontramos no Brasil quando o assunto é o social
business. O empreendedorismo social nacional tem lições valiosas a
apreender com os exemplos vindos de fora, com o apetite e o desejo real
de investimento pesado no setor. Não é uma vergonha não ser tão
desenvolvido em relação ao mercado internacional, mas fica o alerta e a
necessidade de reavaliarmos o pensamento sobre este segmento que
apresenta chances reais de crescimento a cada dia e que tem fundamental
importância na melhora de vida de milhões de cidadãos que precisam de
ajuda.
Felipe Dib é o fundador, CEO e professor da plataforma online de ensino de inglês gratuito Você Aprende Agora.
http://www.administradores.com.br/noticias/empreendedorismo/negocios-sociais-entre-a-caridade-e-o-investimento/106922/
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