
Em meados do século 20, meios de comunicação como rádio, jornais e
revistas começavam a atingir grandes plateias, mas o fenômeno demorou
para despertar atenção da filosofia - até que Adorno resolveu se
debruçar sobre o assunto em um dos capítulos do clássico Dialética do
Esclarecimento, escrito junto com o amigo Max Horkheimer. Na obra, a
dupla mostra como o saber está ligado a processos de dominação na
história da civilização. As críticas se tornaram fundamentais para
compreender não só o impacto das novas tecnologias de comunicação na
sociedade, mas como o poder está mascarado pelo saber na atualidade.
Filósofo, sociólogo, compositor musical e crítico de arte, Theodor
Adorno foi um dos fundadores da Escola de Frankfurt, grupo informal de
pensadores de orientação marxista. Quando se formou em filosofia, em
1924, já era amigo de Walter Benjamin e de Horkheimer, que também se
firmariam como grandes expoentes da Escola.
Sua fama intelectual surgiria quase uma década mais tarde, com a
publicação de uma tese sobre Kierkegaard, em 1933. Era o ano em que
Hitler assumia o poder na Alemanha, obrigando Adorno e vários
intelectuais a abandonar o país. A primeira parada foi Londres, onde
lecionou três anos em Oxford. Em 1938, um convite de Horkheimer para
dirigir o projeto de investigação radiofônica da Universidade de
Princeton o levou aos EUA. O filósofo não gostou do que viu na América,
mas o contato com o ambiente no qual os meios de comunicação estavam em
frenética expansão foi fundamental para o desenvolvimento de sua obra. A
observação de um universo regido por interesses, lucro e conveniências o
motivou a refletir atentamente sobre a massificação da cultura. Para
ele, os meios de comunicação de massa eram parte fundamental da
indústria cultural, uma criação do capitalismo que molda a mentalidade
das pessoas que aderem a ela inconscientemente. Adorno considerava que o
rádio, por exemplo, semeava o conformismo e a resignação, tornando a
população inerte frente a um sistema que desfigura a essência do ser. E a
televisão sequer havia chegado.
Em 1949, Adorno e outros colegas decidiram voltar à Alemanha e
reconstruir em Frankfurt o Instituto para Pesquisa Social, que havia
sido transferido para Nova York durante o nazismo. Rapidamente, chegou
ao posto de diretor. O filósofo morreu em 1969, deixando incompleta sua
Teoria Estética, em que defende a relevância do pensamento crítico. Cada
ato profundamente crítico, dizia, é como uma garrafa lançada ao mar
para futuros destinatários. Uma das mensagens dessa garrafa é de que a
indústria da cultura engana constantemente seus consumidores ao prometer
entregar-lhes uma felicidade plena que é irrevogavelmente ilusória.
http://super.abril.com.br/ideias/normalidade-significa-morte-adorno
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