Servidores da Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça (BPEEM) têm,
a partir de agora, uma ferramenta para medir de forma adequada sua qualidade de
vida no trabalho. Trata-se do relatório de pesquisa realizada entre 2009 e 2010
pelo biólogo e mestre da UFMT, Diniz Pereira Leite Júnior. Apresentar os
resultados entregues à Secretaria de Estado de Cultura (SEC) aos servidores,
conforme a secretária em exercício de Cultura, Vannêssa Jacarandá, é uma forma
de o Estado zelar pela saúde, não só dos que trabalham com a preservação da
literatura em Mato Grosso, mas também da saúde de servidores de outros locais
semelhantes à Biblioteca, como é o caso do Arquivo Público.
O pesquisador, que atualmente também é doutorando do PPG Ciências da Saúde
da UFMT, onde atua na área de pesquisa com fungos patogênicos e ambientais,
destacou que o presente estudo foi feito por ele e um grupo de pesquisa formado
por sete integrantes (todos alunos do PPG) mais a professora orientadora Dr.
Rosane Christine Hahn. A pesquisa teve como objetivo identificar e documentar os
organismos fúngicos em poeira de bibliotecas, a chamada ‘poeira literária’ onde,
até o momento, não se tinha na literatura acadêmica e científica, registro dessa
ocorrência no Estado.
“Analisamos a poeira de áreas internas desta biblioteca e também das da
UFMT e UNIC, aplicando duas metodologias distintas em dois períodos sazonais
(quente/seco e úmido/chuvoso). O estudo tem como base o conhecimento da
diversidade fúngica anemofílica, albergada nestes ambientes, bem como
identificação em nível espécie-específico o qual é muito pouco realizado em
demais trabalhos, sendo que muitos só identificam a nível de gênero. Há que se
ressaltar que o mesmo ainda é referência no Estado de Mato Grosso, mas trabalhos
similares já existem em outras capitais, com outras metodologias”,
esclareceu.
Diniz conta ainda que as pesquisas geram informações muitas vezes já
existentes, mas também nos remete a novas descobertas. Foi este o caso de uma
das publicações, onde foi isolado um número muito expressivo de leveduras do
gênero Cryptococcus, agente de criptococose, uma infecção fúngica que acomete os
pulmões, que pode atingir o sistema nervoso central e provocar a morte, quando
não tratado.
Isso acontece devido ao número de inóculos introduzido no organismo humano,
via inalação, a deficiência imunológica de alguns indivíduos e a falta de normas
de higienização e limpeza dos ambientes. “Esses individuos em contato com esses
microrganismos podem desenvolver doenças, entre as mais simples estão alergias e
rinites, mas também infecções fúngicas sistêmicas, que podem causar óbitos”,
alerta.
Como cuidados ele indica: higiene e limpeza, que são, basicamente, o que os
funcionários podem fazer para trabalharem em um ambiente melhor. Há também a
indicação de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como toucas,
luvas, máscaras e óculos, não só para o pessoal que efetua a limpeza desses
ambientes, mas também - e, principalmente - os que manuseiam materiais nas áreas
mais insalubres desses lugares, como no caso da BPEEM, a sala de Livros Raros,
que fica mais tempo fechada para não deteriorar os materiais lá contidos.